King Animal abre com a muito-adequadamente-nomeada Been Away Too Long, com uma pegada extremamente rock and roll - remetendo de cara às influências setentistas da banda. Os riffs incontestáveis de Kim Thayil, o baixo bem marcado de Ben Shepherd e a bateria monstruosa e difícil de se qualificar com palavras de Matt Cameron, e é claro - os vocais de personalidade e impressionante alcance de Chris Cornell, ainda mais rouco que nos trabalhos da banda nos anos 90 ou em suas gravações com o Soundgarden. A pegada rockeira é mantida nas duas faixas seguintes, Non-State Actor e By Crooked Steps, sendo que nessa segunda somos brindados com os tempos quebrados que se tornaram marca registrada da banda no fim dos anos 80 e anos 90, além dos riffs e fills fantásticos presentes nas guitarras dividas por Thayil e Cornell. A Thousand Days Before abre com uma guitarra que nos remete aos timbres e riffs do meio da clássica "Fell On Black Days", do Superunknown, logo caindo num andamento que em muito lembra um baião (!!!), num trabalho impressionante de Matt Cameron - redundante dizer, acredito. Blood On The Valley Floor é mais um petardo, com um instrumental que deixa clara a influência que o Led Zeppelin sempre teve sobre a banda de Seattle.
Uma das maiores surpresas do disco, no entanto, ficam por conta de sua segunda metade, um pouco menos explosiva que a primeira. Bones of Birds mostra esse lado até então pouco explorado pela banda, e surpreende por ser, em minha opinião, uma das melhores canções do disco. Um riff simples e de efeito quase hipnótico tocado de forma indefectível por Thayil, uma belíssima letra e um trabalho vocal magnífico (mesmo para os altíssimos padrões que o nome Chris Cornell já impõe), com overdubs e backing vocals meticulosamente encaixados, com destaque para o pesadíssimo baixo de Shepherd, até então meio tímido. Com toda certeza é mera coincidência, mas nessa música a banda me lembrou um pouco o Winterville, que já foi postado por aqui. O disco segue com Taree, que se divide entre momentos mais calmos que se intercalam com um refrão pesado e marcante, com menções honrosas para as guitarras malucas de Thayil. A pegada roqueira da primeira parte do disco retorna na excelente Attrition, mas logo em seguida é deixado de lado logo nos primeiros acordes de Black Saturday - que confirma a obsessão da banda com músicas com "black" em seus títulos! haja dias negros! -, logo caindo mais uma vez nas guitarras, numa interessante mistura de timbres acústicos, sons distorcidos, delays e psicodelia. Os violões seguem em Halfway There, com uma abordagem mais radiofônica, forte candidata a ser lançada como single. As três últimas faixas seguem nessa dinâmica de lento/rápido e acústico/pesado, sendo as faixas onde o baixo tem mais destaque. A faixa que fecha o disco, Rowing, nos remete em seus primeiros segundos às linhas de baixo do Tool, e em termos gerais, ao som do Puscifer, duas bandas do porra-louca-e-genial Maynard Keenan - mas não se deixem enganar, ainda soando como o Soundgarden. Cornell e seus parceiros de banda mostram que a fonte de criatividade das bandas do dito Grunge ainda não secou, e o disco figura fácil entre os melhores do ano - o que quer dizer muito, visto que 2012 tem sido um ano bem fértil. Fãs ou não da sonoridade dos anos 90, recomendo muito o download do disco, que fugindo de rótulos específicos demais, pode ser resumido como Rock and Roll, esta linguagem que em menos de um século de existência já é atemporal e universal. Sem mais, fiquem aí com o disco:
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